terça-feira, 25 de setembro de 2007

Para um terceiro.

Escuta, que eu não tenho mais nada para lhe falar
Tampouco quero ouvir justificativa alguma
Eu já sei, já entendi
Já foi, acabou.
Foi pelo bem, acabou.

Nós não existimos mais, esse eu de quem você fala é uma imagem virtual, um personagem baseado em mim. Por isso calo-me, eu já criei de mais e sofri, ainda sofro pela minha imaginação fértil.
Se esse é seu jeito de lidar com as coisas, continue, mas eu não vou ler, não vou ouvir, eu não.

Passado tempo, nos reconheceremos
diferentes, as mesmas.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Calma. Calma. Calma.

Ouve esses pássaros que cantam
enquanto vida tiverem, cantarão.
Sente esse vento suave, quase imperceptível.
Eu preciso que tu ouças esse apelo.
Eu preciso de paz embasando tudo que faço.
Não há nada parecido com este turbilhão que enfrento agora, eu preciso da tua ajuda.
Meus olhos não te vêem sem ajuda de um reflexo, mas na alma somos um só e precisamos nos ajudar.
De outra forma não há força que resista
Não há objetivo que se deixe ser alcançado.
Esquece esses rostos que te prometem sem querer
eles mesmos precisam se ajudar.
Pensa em ti agora, meu amor.
Não há nada que eu queria mais que te ver alcançando tuas metas.
Respira, sente a paz que existe independente de qualquer causa externa.
Me ajuda a te ajudar, por favor.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Querido âmago,

obrigada.

sábado, 25 de agosto de 2007


Um copo solitário sua em minha mão fria. Meu ar triste me incomoda, mas só ele é verdadeiro. Eu posso ter máscaras muitas vezes, mas para dor não posso mentir. Só ela me faz sentir a verdade, apesar de potencializada.

-É aqui que está ruim?, disse meu pai tocando meu peito esquerdo.
Fiz que sim com a cabeça.

Que estranha forma de vida tem este meu coração.

Preciso livrar-me.

Os olhos sobre o espelho e nem um resto daquele amor que fora há pouco todo o reflexo.
Ando nas ruas com um amigo e a cada esquina, cada casa ou loja eu tenho uma lembrança que esquenta e rapidamente congela meu peito. Não digo nada a ele porque não quero mais pensar, não quero mais essa dormência que embaça os olhos e me faz sentir criança desprotegida.

Pudera eu mudar-me agora sem deixar endereço. Pudera eu, pudera. Mas não posso. Estou aqui e ela existe e fala comigo sem maldade. Ora, pois a bondade é a pior parte. Não existe um culpado, um vilão que eu possa odiar e desse ódio renascer. Poderia renascer de mim e este é também o único caminho que vejo. Misturamo-nos tanto que me queimo de novo toda vez que tento ser fênix.

Seria meu âmago só meu? Ou será que lá, bem no fundo, ainda resta um pedaço de você?

Toda essa confusão me cansa. Eu sei que preciso transformar o sentimento e não tentar matá-lo. Meu coração não deixa, no entanto, ele quer o passado de volta, apesar de tudo isso ser irreversível, inclusive por minha parte.

Aquele rosto que me persegue e que eu mal consigo me lembrar de todos os traços.
Salve-me dessa loucura, dessa isanidade da sentir e não querer, de ser e não saber, meu deus!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Ponte

Entrou ali andrógina
Viveu ali menina
Saiu dali mulher

Toda grande história é ilustração de uma síntese por vezes barata

Amar alguém com toda sua alma é, na verdade, amar sua própria alma ativa em toda intensidade
A solidão é a inatividade
A arte é o amor solitário.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Estranha forma de vida



Que estranha forma de vida
Tem este meu coração
Vive de vida perdida
Quem lhe daria o condão
Que estranha forma de vida

Coração independente
Coração que não comando
Vives perdido entre a gente
Teimosamente sangrando
Coração independente

Eu não te acompanho mais
Pára, deixa de bater
Se não sabes onde vais
Por que teimas em correr?
Eu não te acompanho mais

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

possibilidade de âmago compartilhado

Alguns acontecimentos vêm me intrigando quanto à intereção entre as pessoas, mais precisamente nas situações inicialíssimas do relacionamento. Há um entendimento mútuo sobre a vontade de relacionar-se, ao mesmo tempo que há um medo, uma tensão provinda da dúvida em relação ao nível de intimidade que se quer e que é permitido usar. Acho que o conflito existe exatamente por nenhuma das partes ter certeza do quanto de sua intimidade deve-se oferecer nesse primeiro momento.
Quanto a mim, posso dizer que a minha intimidade está, exatamente agora, em processo de intensa mutação. Abandonando velhas formas e dando espaço a novas, evoluções das outras. Como disse, o processo ESTÁ acontecendo, o que causa uma confusão sobre quais aspectos de mim apresentar.
Vejo claramente que falta-me espontaneidade, o que é justificado pelo processo, que exige a ponderação excessiva em tudo que me ocorre. Lembrei-me de uma frase que anotei escutando conversas de bar da mesa ao lado:
"Não seja um intelectual, seja um vivente."
A situação não tem muito a ver com intelectualidade, mas é cabível, de qualquer forma.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

âmago infinitum

As minhas palavras me mentem e desmentem cada vez que ouso usá-las. Há algo além. Há algo enorme que elas não saber dizer. Eu venho tentando definir há muito tempo. Interpretei sonhos, li palavras velhas, debrucei-me e chorei sobre fotos e fatos, considerei complexos freudianos e aonde eu vim parar? Estou aqui, sem conseguir fazer qualquer coisa. E o que mais? Por um momento até me esqueço o que era aquela coisa que eu queria gritar, funcionava como combustível. Agora eu não quero mais falar nada, nem ao menos dissertar sobre minha’lma cansada, sobre as escuridões e alvas luzes. Minhas mãos estão geladas e quero aquecê-las eu mesma, sob cobertores grossos e ligeiramente ásperos. Embrenho-me no inverno em seu ápice.

Quero suportar eu mesma o peso das pálpebras que se fecham no escuro quando o sono não vem, ou quando vem para apagar a consciência. Quero, quero, quero. Não quero querer mais nada, quero estar sentada em lugar de altitude e observar lá longe o que está dentro.